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Harry Potter e a Câmara Secreta [Especial]

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Harry Potter e a Câmara Secreta

- Por Brenno

Depois do sucesso de Pedra Filosofal, Harry Potter e a Câmara Secreta retorna com um novo mistério em Hogwarts. O livro segue a mesma fórmula que seu antecessor: há algo que eles precisam descobrir e acabam descobrindo por vários motivos aleatórios e coincidências impressionantes. E, se formos parar para analisar, todos os livros são assim. Há uma trama principal do livro e há o desenvolvimento da história em si que acaba sendo coadjuvante e acontecendo sem que nós consigamos perceber.

Esse post faz parte da Semana Especial Harry Potter. Para comemorar o aniversário da J.K. Rowling, do Harry e também do Portal Caneca no dia 31 de Julho, cada dia terá uma coluna especial sobre um livro da série. Cada coluna contará com: uma análise do livro com alguns spoilers, mas que não sejam tão comprometedores para as surpresas dos livros; uma análise da adaptação do livro em filme com muito spoiler da história; e uma sessão de fotos da linda edição HardCover British Children’s Edition.

*** Livro ***

O segundo livro da série começa mais uma vez bem devagar, mostrando as férias de Harry após um ano de Hogwarts. Não sei se é porque eu já sabia da história, mas esse comecinho foi um pouco cansativo para mim. Até Harry sair dos Dursleys, demora um pouco mais do que acho que deveria. Porém, nada que mate e depois disso tudo começa a melhorar muito.

Uma coisa que eu gosto muito na série é o fato do trio Harry, Hermione e Rony ser basicamente um Sherlock Holmes juvenil e contemporâneo. E talvez o maior mistério tenha ficado para a Câmara Secreta, não só por ela em si, mas havia várias dúvidas no ar. Quem a abriu? Onde ela fica? Qual o monstro que mora nela? Como ela anda no castelo e faz suas vítimas? Dobby serve a que família? E todo esse clima de suspense resulta em uma conclusão muito impressionante e que ninguém poderia imaginar. Amo o jeito que a J.K. Rowling tem de virar completamente a história e fazer você ficar boquiaberto.

Se em Pedra Filosofal tivemos várias passagens interessantes e com vários significados, em Câmara Secreta consegui encontrar dois grandes temas abordados pela autora. Os temas do livro passado foram mantidos e esses dois acabaram tendo uma importância maior para a história como um todo.

O primeiro tema é a fama. Primeiro, foi adicionado um personagem icônico: Gilderoy Lockhart, um bruxo de fama internacional com vários livros publicados e tudo mais. Acontece que Lockhart é, na realidade, uma farsa e todas as suas histórias são inventadas e ele mesmo assim se vangloria por seus “feitos”. Ele acaba querendo se aproximar de Harry por ele ser famoso, só que Harry é completamente o oposto e quanto mais despercebido ele passar, melhor.

Além disso, há também o outro tipo de fama: a fama negativa. Depois de ser pego várias vezes na cena do crime e falar a língua das cobras, que era um dos poderes do criador da casa Sonserina, Harry é acusado de ser o herdeiro e o autor dos crimes. Eu acho que essa é mais uma daquelas reflexões para vida, sabe? Você julgar alguém culpado por algo sem ter provas ou pelo fato da pessoa ter motivos para tal não leva a pessoa ser culpada de fato.

E finalmente, temos Percy, Monitor de Hogwarts e que acha que por causa disso é imune a um ataque de um monstro. É impressionante ver nesse livro como a J.K. foi desenrolando a história para atingir o esperado no futuro, até mesmo para os personagens menores como Percy. Mesmo com passagens rápidas conseguimos ver sua arrogância e ambição só por ter um cargo considerado importante na escola.

O outro tema bem abordado no livro é um tema que muito me agrada na maneira em que foi apresentado. E para mim, esse é o tema e plot central do livro: preconceito com os sangue ruins e mestiços. Esse assunto é tão extenso e tão metafórico que dedicarei boa parte dessa resenha falando sobre ele.

Primeiro, para mim, esse livro é uma grande analogia à segunda guerra mundial. Começando pelo começo: Salazar Slytherin, fundador da casa Sonserina em Hogwarts é, digamos, o líder de uma ideologia em que só os sangues puros, ou seja, quem tem família inteiramente bruxa, fosse digno de aprender na escola. Por causa disso, há uma grande discussão entre ele e os outros fundadores de Hogwarts e, por divergirem, ele acaba por deixar a escola.

A história então conta que, antes disso, porém, ele criou uma Câmara, que dá nome ao livro, e que nela haveria um monstro que só obedeceria o seu herdeiro. Esse monstro seria o responsável por matar os sangue ruins por ordem do herdeiro e assim, “limpar” a escola do que ele achava ser motivo de vergonha.

Pelo o que é contado no livro, a primeira vez que a Câmara Secreta foi aberta foi 50 anos antes de 1992, ou seja, 1942. Isso foi exatamente no meio da Segunda Guerra Mundial que aconteceu entre 1939 e 1945. A Guerra trouxa teve basicamente a mesma ideologia: Hitler, líder alemão, queria “limpar” o seu reino, sua “casa”, daqueles que ele julgava serem impuros, tais como judeus, ciganos, africanos etc.

Outra grande similaridade com a guerra é o fato do líder ser exatamente o que ele combatia. A raça ariana que Hitler defendia tinha como estereótipo os alemães loiros, fortes e de olhos azuis. O próprio Hitler era moreno e foi inapto pelo próprio exército alemão, antes da primeira guerra, de servir ao país. Tom Riddle, que abriu a Câmara pela primeira vez, era mestiço. Sua mãe era bruxa, mas seu pai era trouxa e mesmo assim ele seguia a ideologia dos sangue puros.

Para o leitor se aproximar de vez com a história e ver o quão errado isso tudo é, J.K. Rowling usa até a Hermione como vítima disso tudo, já que ela é nascida trouxa. Isso não só aproxima o leitor pela afinidade com a personagem, mas cria mais urgência para Harry e Rony desvendarem o mistério, agora sozinhos. Mesmo estando petrificada, porém, Hermione dá seu empurrãozinho final para que seus amigos consigam entender tudo.

Uma outra forma que eu consegui ver em que a autora quis se aproximar da história foi o diário de Tom Riddle. É através dele que Voldemort consegue abrir mais uma vez a Câmara, seduzindo com suas palavras, já que sua lábia sempre foi, talvez, seu maior poder. E assim temos Mein Kampf, diário escrito por Hitler enquanto esteve preso onde fala sobre sua vida e sobre o que acredita.

Quanto a Câmara em si, vejo uma grande analogia com as câmaras de gás que foram palco para o holocausto. O basilisco é capaz de matar com seu olhar. Interpreto esse olhar como o olhar do preconceito, do mesmo modo que os alemães denunciavam judeus refugiados quando os descobriam. O verdadeiro monstro é, afinal, a arrogância e o sentimento de superioridade diante seus iguais.

Diante de tantas coisas bacanas expressas nesse livro, eu aplaudo e defendo a escrita de J.K. Rowling veementemente. Seus livros são sim para o público infanto-juvenil, mas isso de maneira nenhuma faz eles serem pouco complexos, pelo contrário. Ela consegue pegar toda uma situação, toda uma história e torná-la compatível com seu público. Infelizmente, há aqueles que não conseguem enxergar além dos feitiços e julgam Harry Potter como algo infantil e só sobre magia e fantasia. Harry Potter, nada mais é do que uma grande analogia da nossa vida real.

Antes de finalizar, falta ainda um comentário. A autora consegue ao longo das duzentas páginas nos entreter e parece mesmo que passamos um ano com os personagens, vivendo aventuras e estudando magia. Isso é muito fantástico, porque ela consegue esse mesmo sentimento tanto com poucas ou muitas páginas. E no final, fica aquele gostinho de saudades que nós temos após um ano letivo. Mesmo tendo desejado férias, logo ficamos com vontade de voltar a estudar só para reencontrar os amigos. E se a escola é Hogwarts, esse sentimento é muito maior.

*** Filme ***

Depois do filme de Pedra Filosofal ter sido um sucesso e concorrer até a um Oscar, o filme sobre a Câmara Secreta segue a série com a mesma fórmula. Isso se deu pelo fato da mesma direção de Chris Columbus que continuou o mesmo clima mágico do primeiro. Agora, porém, com a bilheteria de sucesso do anterior, esse possui muito mais investimento, o que significou efeitos especiais ainda mais realistas e uma produção ainda mais impecável.

As cenas iniciais na casa dos Dursley são irretocáveis. Mais uma vez temos ótimas atuações desse elenco “participação especial”. As cenas com Dobby são perfeitas até para a tecnologia da época. Realmente parece que ele é real e que está na frente do Harry. O roteiro mais uma vez não desapontou e faz os fãs enlouquecerem com cada frase cuidadosamente copiada do livro, o que acaba fortalecendo a fidelidade da adaptação.

Um detalhe que faltou para completar com perfeição foi uma carta do Ministério avisando Harry de que ele não pode fazer magia fora da escola. Isso é importante porque em Ordem da Fênix ele foi “expulso” de Hogwarts porque já tinha recebido o aviso dessa vez. Isso também era uma boa questão para ilustrar que o Ministério não sabe quem fez a magia, mas detecta magia ao redor dos bruxos menores de idade.

Harry sai da rua dos Alfeneiros e vai para a Toca e nada poderia ser melhor. Tudo o que eles fizeram na casa foi excelente. A decoração rústica deixou a casa bem Weasley e os objetos animados são fantásticos. Destaque para o relógio da família que mostra a posição de cada membro e não as horas. Quem nunca quis ter um desse?

No Beco Diagonal, eles se encontram com Gilderoy Lockhart e, sério, se tem alguém perfeito para esse papel, esse alguém é Kenneth Branagh. Em poucos segundos de cena ele convenceu perfeitamente como o bruxo lendário que, na realidade, é uma fraude e vive de mentiras. Vale destacar também Lúcio Malfoy e a cena na Floreios e Borrões com toda a família Weasley. Em suma, até chegarmos em Hogwarts está tudo muito bem, obrigado – parafraseando a J.K. Rowling.

O ponto em que eu acho que eles pecaram no filme foi o clima dele. Tipo, no livro, depois que o Harry fala com a cobra no duelo, é quase uma unanimidade que ele é o herdeiro da Sonserina. No filme, só o Filch o persegue. Acho que apenas isso me incomodou mesmo, porque o Harry sofreu muito bullying e muitos alunos passaram a ficar com medo dele. Tirando isso, acho que ficou perfeito e talvez, tenha sido o filme mais fiel de todos da saga, ainda não sei dizer.

Como eu disse na parte do livro, o enredo principal dessa história é a discriminação e preconceito. A cena da Cabana do Hagrid após o Draco ter chamado a Hermione de sangue-ruim foi perfeita para isso. Emma Watson (Hermione), que deu um show no filme anterior, se afirmou muito mais nesse filme e fez uma linda parceria com o Robbie Coltrane (Hagrid) nessa cena.

Outro que entregou uma boa atuação nesse filme foi o Rupert Grint, como Rony. Sério, acho que esse filme foi uma das melhores atuações dele na série toda. As caras e bocas de medo e desespero dele estavam hilárias. Muito desse filme se deve a atuação dele e a do Kenneth Branagh (Gilderoy Lockhart).

Um detalhe que me chamou a atenção foi a importância aos detalhes. Quando o Gilderoy acaba com os ossos do braço do Harry e a Madame Pomfrey tem que fazê-los crescer, ela dá uma poção para ele chamado Skele-gro. Eu, revendo o filme, reparei que além de ser uma garrafa estilizada com uma caveira, está escrita nela o nome da poção.

Isso mostra o cuidado que a produção do filme teve com cada mínimo detalhe. O figurino de todos foi impecável, assim como eu já falei da decoração. O banheiro da Murta que geme, a Câmara Secreta, propriamente dita foi muito bem feita e trabalhada. Enfim, o protagonista do filme estava todo atrás das câmeras e deu um show.

Além disso, não posso deixar de mencionar os takes que fizeram quando Tom Riddle diz que a responsável por abrir a Câmara era a Gina. Achei sensacional a ideia porque ela materializa o nosso pensamento sobre como aconteceu tudo. Outro grande momento no final foi a chegada de Hagrid de Azkaban no Salão Principal, onde todos batem palmas. Foi muito comovente e tocante, Robbie Coltrane deu um show nessa hora e a trilha sonora embalou de forma redonda o momento.

*** Hardcover British Children’s Edition ***

Para quem não sabe, essas edições foram as primeiras a serem lançadas, só depois vieram as adultas, as americanas etc. Por isso, elas sempre tiveram um valor muito grande para mim e eu sempre tive o sonho de um dia possuí-las. Como não há quase nada sobre elas na internet, como por exemplo, fotos das contra-capas, eu vou mostrar para vocês toda essa coleção incrível. A edição da Câmara Secreta tem 251 páginas. À partir dessa edição, na orelha traseira da luva vem a impressão de uma cartinha que a J.K. Rowling recebeu e que ela resolveu publicar. Fofa, não é? Por que eu não escrevi antes para ela?? Clique nas imagens para ampliá-las.

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PS: Eu como fotógrafo sou um ótimo colunista, então não reparem, me esforcei bastante, rs.

O que vocês acharam do especial?

Comente! Sua opinião é importante :D

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